O mundo está em guerra. Pudera.
Agora comento Sinais, que passou ontem na televisão. Antes, de passagem, falo da conversa que tive aqui em casa com pai e irmã a propósito de diabinhos que trazemos sempre empoleirados nos ombros: em um dos dois ou, se você tiver sorte, em ambos.
No sábado, a Globo transmitiu aquele filme que fala de carneiros nas montanhas. Isso mesmo, O Segredo de Brokeback Moutain. Pois bem. Ontem, meu pai e minha irmã estiveram em minha casa. Vieram tomar café. Acabamos numa discussão que começou nas cenas de sexo do longa-metragem e na relação homossexual e terminamos numa sessão em que um pastor curou urucubacas de uma criança apenas com a ponta do dedo.
Sim, a ponta do dedo. Como se ela tivesse sido feita de prata. COMO AS BALAS QUE MATAM LOBISOMENS ou as espadas e facas e punhais do Blade. Em última hipótese, como se a ponta do dedo do pastor brilhasse. Sim, ET, minha casa, telefone.
Enfim...
Seguindo em frente. Meu pai disse: “Cara, parei na metade do filme”. Por quê? “Achei ruim, só isso”. Por quê?, insisti. “Porque era mentiroso. Ninguém ama ninguém daquele jeito. Nem um homem e uma mulher pode ser assim”.
Resumindo: meu pai ficara incomodado com essa coisa de homem comer homem no sábado à noite, na televisão. Depois da Zorra Total. No Supercine, entendem? Antes do Altas Horas. Essas coisas são perigosas. Incomodam, sei lá. Acho que ele não soube dizer exatamente por que tinha desistido de ver o filme até o fim.
Todo mundo sabe que o papa seBENTO XVI comparou o “problema da homossexualidade” ao do aquecimento global. Disse que deveríamos combater ambos da mesma maneira, com semelhante intensidade e espírito aguerrido. Porque uma coisa não é mais nem menos grave que a outra. Ou seja, desmatar, poluir, jogar lixo na rua, sujar a cidade, desperdiçar água, cortar árvores, extinguir espécies raras – embora isso não tenha nada a ver com aquecimento. Para vossa excrescência, o papa, tudo isso é tão grave quanto dois homens se enrabarem mutuamente ou duas mulheres enroscarem as suas bacurinhas.
Vá entender a cabeça de um homem santo.
Por isso conservo os meus capetas bem conservados, um de cada lado do corpo. Empoleirados nos ombros como papagaios de pirata. Sempre sussurrando as coisas mais horrendas, as palavras mais luxuriosas num léxico para lá de pervertido. Numa sintaxe absolutamente nefasta. Mas, claro, nada disso se compara ao monte de merda que o papa costuma falar.
Pronto. Exorcizei meu lado Fernando Vallejo. Agora, vamos em frente.
Voltando. Ainda hoje, dois homens se trocando causam um grande desconforto. Minha irmã, que é evangélica e acredita em diabretes que nos perseguem e provocam acidentes em nossas vidas, como bebedeiras e orgias e carnavais carnais canibais, disse que encarava a coisa mais ou menos assim: vá dar o seu cu, mas bem longe de mim. Você tem livre arbítrio para fazer o que quiser. E resolve fazer isso? Deus não perdoa, ele mata! Se fosse certo, normal, coisa divina, bíblica, dois homens teriam filhos transando. Sim, uma piroca contra outra piroca resultaria em alguma coisa. Digamos, frutífera.
Sacaram?
Bom, mas ia contar como terminamos num culto evangélico. Ocorre que o tempo passou, E MEUS dedos não suportariam outra lauda.
Até a próxima. Amanhã ou depois, quem sabe...
Agora comento Sinais, que passou ontem na televisão. Antes, de passagem, falo da conversa que tive aqui em casa com pai e irmã a propósito de diabinhos que trazemos sempre empoleirados nos ombros: em um dos dois ou, se você tiver sorte, em ambos.
No sábado, a Globo transmitiu aquele filme que fala de carneiros nas montanhas. Isso mesmo, O Segredo de Brokeback Moutain. Pois bem. Ontem, meu pai e minha irmã estiveram em minha casa. Vieram tomar café. Acabamos numa discussão que começou nas cenas de sexo do longa-metragem e na relação homossexual e terminamos numa sessão em que um pastor curou urucubacas de uma criança apenas com a ponta do dedo.
Sim, a ponta do dedo. Como se ela tivesse sido feita de prata. COMO AS BALAS QUE MATAM LOBISOMENS ou as espadas e facas e punhais do Blade. Em última hipótese, como se a ponta do dedo do pastor brilhasse. Sim, ET, minha casa, telefone.
Enfim...
Seguindo em frente. Meu pai disse: “Cara, parei na metade do filme”. Por quê? “Achei ruim, só isso”. Por quê?, insisti. “Porque era mentiroso. Ninguém ama ninguém daquele jeito. Nem um homem e uma mulher pode ser assim”.
Resumindo: meu pai ficara incomodado com essa coisa de homem comer homem no sábado à noite, na televisão. Depois da Zorra Total. No Supercine, entendem? Antes do Altas Horas. Essas coisas são perigosas. Incomodam, sei lá. Acho que ele não soube dizer exatamente por que tinha desistido de ver o filme até o fim.
Todo mundo sabe que o papa seBENTO XVI comparou o “problema da homossexualidade” ao do aquecimento global. Disse que deveríamos combater ambos da mesma maneira, com semelhante intensidade e espírito aguerrido. Porque uma coisa não é mais nem menos grave que a outra. Ou seja, desmatar, poluir, jogar lixo na rua, sujar a cidade, desperdiçar água, cortar árvores, extinguir espécies raras – embora isso não tenha nada a ver com aquecimento. Para vossa excrescência, o papa, tudo isso é tão grave quanto dois homens se enrabarem mutuamente ou duas mulheres enroscarem as suas bacurinhas.
Vá entender a cabeça de um homem santo.
Por isso conservo os meus capetas bem conservados, um de cada lado do corpo. Empoleirados nos ombros como papagaios de pirata. Sempre sussurrando as coisas mais horrendas, as palavras mais luxuriosas num léxico para lá de pervertido. Numa sintaxe absolutamente nefasta. Mas, claro, nada disso se compara ao monte de merda que o papa costuma falar.
Pronto. Exorcizei meu lado Fernando Vallejo. Agora, vamos em frente.
Voltando. Ainda hoje, dois homens se trocando causam um grande desconforto. Minha irmã, que é evangélica e acredita em diabretes que nos perseguem e provocam acidentes em nossas vidas, como bebedeiras e orgias e carnavais carnais canibais, disse que encarava a coisa mais ou menos assim: vá dar o seu cu, mas bem longe de mim. Você tem livre arbítrio para fazer o que quiser. E resolve fazer isso? Deus não perdoa, ele mata! Se fosse certo, normal, coisa divina, bíblica, dois homens teriam filhos transando. Sim, uma piroca contra outra piroca resultaria em alguma coisa. Digamos, frutífera.
Sacaram?
Bom, mas ia contar como terminamos num culto evangélico. Ocorre que o tempo passou, E MEUS dedos não suportariam outra lauda.
Até a próxima. Amanhã ou depois, quem sabe...
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