Novamente à ativa depois de uma semana, digamos, às cegas. Leiam o jornal de domingo.
Bom, o que temos de novidade? Todo mundo sabe: ainda estamos aqui. Não fomos tragados por qualquer buraco nem detidos por soldados venezuelanos que, ontem mesmo, nos tinham prometido livrar de todo o mal, amém. Estamos bem aqui, vivos. Ou quase. Eu, sentado na cadeira de forro verde, os olhos embaçados, as pernas doloridas, os cabelos obedientes caem aos punhados, os braços sacolejam, a cabeça trepida, os joelhos amanhecem inchados. Sou a decadência em pessoa, a consciência estropiada de Jack.
Divertimento do dia: matar zombies. Enquanto isso, um vizinho escuta Ramones há pelo menos duas horas.
Mais alguma coisa? Não sei. Preciso comprar uma lâmpada nova para a cozinha. Por que as lâmpadas costumam queimar à noite? Por que não há serviços de delivery para fluorescentes? Por que precisamos clarear tudo? Do que temos medo? GODzilla? Da cegueira branca?
Dizia: preciso trocar a lâmpada. Apenas isso. E parar de adiar tudo para o último minuto disponível no relógio cuja hora adiantei em dez minutos para que pudesse chegar mais cedo aos encontros marcados à revelia mas enfim marcados nem adianta retrucar ou dizer qualquer coisa em defesa própria. Por causa disso, perdi uma entrevista com Ney Matogrosso. Perdi?
Um dia faço uma lista das coisas que preciso aprender urgentemente. Acho que fazer uma lista dessas e de outras coisas encabeça a lista de coisas que tenho de fazer imediatamente. Listas são boas. Quando cumpridas, nos sentimos bem.
Duas horas e meia de Ramones.
Bob, o pitbull, se torna mais feroz a cada dia. No começo, quando ainda era filhote, passava na rua e ele respondia com um balançar de rabo. Ou de cauda, mais lisonjeiro. Hoje, Bob encara-me do portão. Seus olhos e focinho escuros vertem ódio figadal. Rápido desvio o olhar, miro um poste ou, sei lá, qualquer outra coisa sem valor para um cachorro. Lembro que cachorros gostam de postes e me fixo no meio-fio. Bob me intimida.
Cachorros têm fígado? Por que não teriam?
Até. Amanhã ou depois tem mais.
Bom, o que temos de novidade? Todo mundo sabe: ainda estamos aqui. Não fomos tragados por qualquer buraco nem detidos por soldados venezuelanos que, ontem mesmo, nos tinham prometido livrar de todo o mal, amém. Estamos bem aqui, vivos. Ou quase. Eu, sentado na cadeira de forro verde, os olhos embaçados, as pernas doloridas, os cabelos obedientes caem aos punhados, os braços sacolejam, a cabeça trepida, os joelhos amanhecem inchados. Sou a decadência em pessoa, a consciência estropiada de Jack.
Divertimento do dia: matar zombies. Enquanto isso, um vizinho escuta Ramones há pelo menos duas horas.
Mais alguma coisa? Não sei. Preciso comprar uma lâmpada nova para a cozinha. Por que as lâmpadas costumam queimar à noite? Por que não há serviços de delivery para fluorescentes? Por que precisamos clarear tudo? Do que temos medo? GODzilla? Da cegueira branca?
Dizia: preciso trocar a lâmpada. Apenas isso. E parar de adiar tudo para o último minuto disponível no relógio cuja hora adiantei em dez minutos para que pudesse chegar mais cedo aos encontros marcados à revelia mas enfim marcados nem adianta retrucar ou dizer qualquer coisa em defesa própria. Por causa disso, perdi uma entrevista com Ney Matogrosso. Perdi?
Um dia faço uma lista das coisas que preciso aprender urgentemente. Acho que fazer uma lista dessas e de outras coisas encabeça a lista de coisas que tenho de fazer imediatamente. Listas são boas. Quando cumpridas, nos sentimos bem.
Duas horas e meia de Ramones.
Bob, o pitbull, se torna mais feroz a cada dia. No começo, quando ainda era filhote, passava na rua e ele respondia com um balançar de rabo. Ou de cauda, mais lisonjeiro. Hoje, Bob encara-me do portão. Seus olhos e focinho escuros vertem ódio figadal. Rápido desvio o olhar, miro um poste ou, sei lá, qualquer outra coisa sem valor para um cachorro. Lembro que cachorros gostam de postes e me fixo no meio-fio. Bob me intimida.
Cachorros têm fígado? Por que não teriam?
Até. Amanhã ou depois tem mais.
Comentários