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Fotos

As fotos chegaram e parecem tão boas que fico até envergonhado ao comparar discurso e ato, texto e comportamento, o que senti na hora e o que registrei depois, cada uma das veredas – a fotográfica e a escrita - conduzindo a um lugar diferente, uma aonde gostaria de estar, a outra aonde realmente estou. Discurso dúbio. Ambiguidade e nuance não são propriamente matérias primas essenciais em minha vida, mais por dificuldade em manuseá-las que por outro motivo. No entanto, dispostos lado a lado, fotos e texto falam de pessoas diferentes. Um homem fala, outro sorri, e ninguém é realmente capaz de distinguir quem é quem. 

Nove em cada dez

Nove em cada dez pessoas mudariam para uma metrópole de clima mais ameno, onde poderiam desempenhar as muitas funções implicadas na vida moderna sem, todavia, ficarem cobertas de suor, fator que, não representando verdadeiramente um obstáculo ao cumprimento dessas mesmas funções, torna-as, de alguma maneira, menos charmosas, o que noutras palavras equivale a dizer que parte da vontade de executá-las esvai-se no ato quando o elemento “calor excessivo” vem à baila, e por calor excessivo entenda-se a temperatura no patamar dos 36° à sombra, que é o normal na metrópole habitada por esse contingente pesquisado do qual extraímos as impressões agora apresentadas como tópicos ligeiros, sem grandes formulações no que diz respeito à forma de publicação desse conteúdo e à metodologia adotada na aplicação dos questionários, acerca dos quais, apenas a título de exemplo, podemos garantir que buscavam apreender por meio de perguntas simples o tipo de relação que o nativo e o não nativo estabele...

Disposição

Resolvemos de modo consensual retomar algumas coisas que fazíamos antigamente, entendendo não que o patamar do olvido nos servirá como uma espécie de ajuda ou bote salva-vidas vindo de onde menos se esperava, mas simplesmente que consistirá numa atividade bacana de se fazer num fim de semana ou mesmo durante a semana, quando, com muito pouco no bolso além do necessário a quatro ou cinco cervejas, saíamos à caça de algum bar da cidade, ambos ligeiramente estranhos ao que viria, e o que viria nos parecendo vagamente verossímil. Assim as coisas eram naquele tempo: vagamente verossímeis. 

Noite dos campeões

Finalmente consegui acessar a salvaguarda de todo o lastro intelectual capaz de ser comprimido no pedacinho de cartolina mais importante já inventado pelos códigos de civilidade humana: o diploma.   Não o próprio, mas uma declaração que servirá como passaporte interino enquanto o cozimento do oficial não fica pronto nas fornalhas do conhecimento acadêmico. Foi tudo simples. Assinei um papel pouco antes do início da cerimônia, recebi instruções genéricas de uma funcionária da universidade, fui avisado de que não poderia ter dívidas com a biblioteca e que os documentos necessários ao pedido de entrada eram aqueles mencionados no folheto amarelo anexado à declaração. Feito isso, espere 45 dias. A chancela não ficará pronta antes. Então, a funcionária me dispensou com um sorriso. Tentei adivinhar o que ela havia comido no café da manhã, se tinha filhos, se perdera alguém importante na vida, qual a sua posição mais confortável na hora de dormir, se gostava de jogos de...