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Cherokee Rose

Mais tarde tem texto sobre a segunda temporada de The Walking Dead , cujo quarto episódio foi ao ar no último domingo. Ao todo, a série terá 12 ou 13, não lembro. Beijos.

A parte submersa

Deitada, era como se repusesse sistemas planetários, interferisse em órbitas até então estáveis, pelo menos era assim que imaginava o conjunto de esferas gasosas gravitando em torno umas das outras, curvas pré-estabelecidas, raios definidos, elíptica concepção do espaço. De tempos em tempos um astro fantasma rasgaria o vazio, o luxo do vazio entre os globos, produzindo um rastro de luminosidade, poeira e passado. A água cobria-lhe parte do corpo, outra parte ficava à mostra, recebendo diretamente a brisa que entrava pela basculante. Logo ela chegaria, os problemas também, talvez estivesse pronta para tudo novamente. Duvidava, os bicos dos peitos seu derradeiro contato com todo o resto, o elo precário.

Tergiverso

Pra falar a verdade, um dia essa historinha toda importou, mas o tempo passa, as pessoas mudam, os ventos, a conformação do planeta, as fontes energéticas, os ídolos, as cores da moda, os vulcões ativos, os inativos, as escalações dos times, o campeão de medalhas, enfim, tudo muda, menos os sentimentos. Nossa paleta de sentimentos é a mais limitada possível, uma coisa de cada vez, nada ao mesmo tempo, no máximo justaposto, nunca aglutinado. Quando pensamos que é, não é, que está, não está, que foi, não foi, que virá, não virá. O único lugar do universo onde as leis mais básicas da Física são respeitadas plenamente é a paleta de sentimentos humanos. No que resta, há sempre algum senão, um pode ser, um veja bem, um não é exatamente o que queria falar, uma zona cinzenta de possibilidades desrespeitosas. É por aí, não é por aí.

Otto e o 11/11/11

Everybody, macacada. Otto disse no Jô uma vez que seu próximo disco se chamaria “oneoneone”, referência a qualquer coisa mística relacionada a portais que se abririam hoje, 11/11, precisamente às 11h11, em algum lugarzinho da Inglaterra, uma cidade onde se reuniriam pessoas interessadas em expandir seu raio astral, firmar o equilíbrio mente/corpo e, de quebra, arregaçar com os chacras, abrindo as porteiras energéticas de uma vez, dando vazão ao imponderável. Otto tatuou “oneoneone” na mão, além da palavra “moon”, se não me engano, e disse que seu próximo disco levaria esse nome, que estaria na tal cidade inglesa. Disse também outra porção de bobagens. Todo mundo diz bobagem no Jô, até os caras mais fodas, os músicos, as bandas, os atores e atrizes mais interessantes do mundo se sentem meio idiotas sendo entrevistados por ele. E desatam a falar merda. Otto disse muita merda nesse dia. Uma delas foi que o amor era um negócio foda pra caralho. Otto é um cara fodido. Curiosamente, o ...
Tinha a intenção infantil de escrever sobre o assunto X. Ocorre que, consideradas algumas variáveis, não demorou para que chegasse à conclusão de que seria mais interessante falar do assunto Y. Tão logo se apresentou, Y me pareceu bastante atraente e, como se diz em jornalismo, factual. Nesse ínterim, porém, havia esquecido a natureza do assunto X. Pior: na ânsia de lembrar algo que me fizesse delinear X, deixei Y escapulir. Perdi dois assuntos de uma tacada só. Talvez por isso pessoas anotem ideias. Por enquanto, nossa cabeça não funciona ainda no esquema cloud . No máximo, ficamos nas nuvens. O impacto do sistema cloud é um bom assunto. Fica registrado.

Rubem Alves despede-se (Folha de S. Paulo)

Despedida Minha alma é movida pelas ausências; mas, nos jornais, não há lugar para ressurreições ESSA CRÔNICA é uma despedida. Resolvi, por decisão própria, parar de escrever em Cotidiano . Devo ter perdido o juízo. Minha decisão contraria um dos dois maiores sonhos de cada escritor. Primeiro, o sonho de ser um best-seller. Encontrar algum livro seu nas prateleiras da livraria Laselva, nos aeroportos. Confesso: sou vítima dessa vaidade. Mas não aprendo a lição. Nos aeroportos, vou sempre visitar a Laselva na esperança de lá encontrar um dos meus livros. Saio sempre desapontado. O outro sonho dos escritores é ter seus textos publicados num jornal importante: ser lido por milhares de leitores. O que significa reconhecimento duplo: do jornal que os publica e dos leitores. Isso faz muito bem para o ego. Todo escritor tem uma pitada de narcisismo. Fernando Pessoa tem um poema que diz assim: "Tenho dó das estrelas luzindo há tanto tempo, tenho dó delas..." E ele se pergunta se ...