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Lua nova...

Na Lua Nova , ontem. Foi bom. Foi legal. E ainda tive de responder a seguinte questão: por que jornalistas mentem? Abraço...

Ela volta, volta...

Uma semana depois. Nada muda: Sarney fica, Mulungu ainda está lá. Belchior sumiu? Dizem as línguas. Eu estou aqui. Não estou lá. Fico por amor. Tinha de sair, mas resolvi ficar. Ela entende. Entende que deixo tudo pra trás se ela quiser viajar até a padaria da esquina e tomar café com leite a noite inteira. Se ela quiser, eu quero. E tem sido assim há pelo menos dez gerações. Estou aqui. Voltando aos poucos, devagar. Do jeito que convém.

Vista do um bigo

Aviso logo: tenho barriga. Fui mais magro, mas hoje tenho algum sobrepeso. Natural. Se me der na telha, entristeço – gêmeos, sim. Se der novamente, alegro. Se calhar, mudo de estado a outro em dois segundos. Tenho 29. Um dia, tive 17. Antes disso, 15. E uma primeira namorada que me ensinou a beijar. Durmo muito, mais do que posso. Gosto: caminhar no corredor escuro do condomínio. Sozinho, madrugada, silêncio. Se der vontade, fumo. Se der vontade, falo para o nada. Se der vontade, nem caminho, fico na cama. Prazer é: revista nova, beijo na orelha, poltrona de cinema. Dos sentidos, o olfato. Não gosto: fígado. Odeio: histeria. Deus sabe como odeio gente histérica. Deus sabe como a gente muda, e, daqui a vinte anos, lerei tudo isso rindo à beça.

Mito, minto, minotauro

Quando o viu ali sorrindo pensou bem alto mas mesmo assim baixo “Com esse, não”. Em seguida, andou a seu lado. Riram juntos, caminharam longamente até não haver mais postes de eletricidade a contar, até que sozinhos num canto da rua a noite somente por testemunha trocaram papéis de bombom, cartas de amor e cochichos involuntários. Eram sós. E na mesa que imaginaram posta sem pompa, como sempre, apenas suco de laranja e bolo. Então viram que passava das dez. Ela apanhou o derradeiro ônibus, ele regressou a pé, fez um trajeto danado até chegar à casa do avô. De tão cansada, ela dormiu logo. Não sonhou. Exausto, ele ficou acordado. Tinha ruas acesas em cada um dos olhos. Ambos não sabiam que as variáveis daquela equação imprevisível haviam subitamente confluído para o mesmíssimo gráfico helicoidal por obra do acaso. Porque quase nunca há indícios de que choverá ou fará bastante sol, suficiente para purgar toda a sujeira. E, por isso, passaram a acreditar firmemente, fechando os olhos com ...

Falsas manchetes

Notícias do domingo. Como andam? Pisando firme? Escorregando nas curvas? Há que usar cinto de segurança. Há que ser rijo, mas cheio de graça. Há que olhar pra trás sempre, sempre, mas com a certeza de que o retrovisor reproduz uma cor estranha, diferente da usual. De que, fora dali, daquele instante, nada mais é. De que ele ou ela ou ambos vêm, falam, falam, dizem o que querem e depois seguem como se tivessem algum compromisso inadiável na próxima esquina. Mas não têm. Porque a vida é certamente a coisa mais estranha que já me aconteceu.

De trás da porta, ela salta; atira pratos e colheres

Quem diabos é você? A surpresa. A surpresa? Surpresa. Surpresas não enganam. Me engano se enganam, não enganam quando querem enganar. Engano seu. Surpresas vão e vêm. Quando menos se espera, batem à porta. E então? Então surpreendem. É o que costumam fazer. Previsível. Tanto quanto a falta delas. Das surpresas. Uma surpresa pode simplesmente não surpreender? Não creio. Pode ser surpreendida? Imagino que não. Pode confundir-se e esquecer-se do que realmente deve ser surpreendente? Se entendi bem, é deixar para trás o mistério e ater-se ao que deve ser comunicado, estritamente comunicado? Não. Obviamente, não nos entendemos. Obviamente, não dou a mínima. É bom. A propósito, ontem nos vimos. Ela e eu. Vinha sorrindo. Tem os dentes mais lindos. E o caminhar mais lírico. E as mechas mais soltas. E os olhos mais castanhos. E as mãos mais leves. E os quadris mais febris. Estamos falando da mesma mulher? Não creio. Surpreendente.