Há dias me pergunto quem é Gkay, e nisso não vai nenhuma soberba, mas curiosidade mesmo, de modo que me pus a pesquisar movido por aquilo que alimenta a humanidade: a fofoca.
Li em algum lugar sobre fato impudico que tinha se passado entre dois famosos num certo quarto escuro de um certo lugar em Fortaleza. Ora, esse lugar era a festa da Gkay.
Demorei a entender que Gkay era uma pessoa e não uma marca de óculos ou de roupa, apenas para descobrir que é uma pessoa e uma marca ao mesmo tempo. E que a tal festa era seu aniversário de 29 anos, mas também um encontro em grande escala de celebridades e subs da internet e do circuito artístico-popular brasileiro.
Um aniversário que se estendera do domingo até a quarta-feira, com lista de convidados, atrações, hospedagem e patrocínio para a farra toda, além da cobertura sistemática de cada passo dos famosos que tinham marcado presença e se instalado no hotel, passando a filmar tudo e a postar nas redes.
Em resumo, um Fortal sem abadá e sem pobre.
A fama da festa da Gkay se alimentava ao vivo da própria fama que a festa da Gkay dizia ter e que se comprovava a cada vez que os jornais afirmavam categoricamente que a festa era famosa, numa cadeia de reiterações cujo fim ou início era ocioso procurar.
Como prova, estavam todos ali, influentes influenciando-se mutuamente, interagindo e compartilhando espaço e gozando desse ambiente virtual e real, imaginário e concreto, numa mistura de Disney, Colosso e Parque do Vaqueiro (in memoriam).
Tentei lembrar do meu próprio aniversário de 29 anos, mas é impossível. Não recordo do que fazia, tampouco de onde estava, mas tenho certeza de que não havia mais de 15 pessoas na sala, que não era escura, e que, ao cabo da bebedeira, todo mundo foi pra casa no mesmo dia, pagando do próprio bolso.
Mas com a Gkay dá-se algo que nunca vi: a elevação da festa privada a fato público. Dessa passagem de ano, da marca pessoal de mudança de calendário e rito simbólico, evento normalmente comemorado entre os mais próximos, Gkay fez um reality, uma novela, uma ficção.
Um réveillon fora de época que me fez lembrar das primeiras festanças que demarcaram o início da pandemia no Brasil. Não um aniversário, mas um casamento, também repleto de celebridades, ao fim do qual o corona rapidamente chegou aos rincões viajando através de avião ou jatinho, desembarcando nos aeroportos e depois se instalando de mansinho em todo canto.
Parece que foi noutra época, noutra vida, noutro mundo, mas faz pouco mais de um ano e meio.
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