O ministro Paulo Guedes é o brasileiro mais feliz e bonito do país depois de Rodrigo Hilbert. PG, me permito chamá-lo assim, cresce progressivamente, enquanto a maioria de nós é pura estagnação, quando não descarado retrocesso, e por onde se olha há um déficit de tudo, de comida ao combustível.
Mas, vejam só, PG é feliz naturalmente, na bonança e na escassez (principalmente na escassez). É quando o prato míngua e a carestia campeia sem freios de norte a sul que PG se regozija, exulta e, embevecido diante da bomba marcando sete reais o litro e da bandeja de patinho espetando 50 reais, diz: parla!
Um renascentista às avessas, PG vê sua obra em toda parte, da sopa de osso à gordura de boi e ao pé de frango, que substituem a carne na mesa, mas por puro gosto e adesão às suas ideias. Jamais por falta de dinheiro.
Da inflação à exorbitância do real em relação ao dólar, do desemprego à fuga de capitais e fechamento de empresas, porém, nada o desanima. Pelo contrário, as pioras sucessivas de cenário ensejam sempre o melhor de PG, que se esmera em declarações que soam provocativas. São, contudo, apenas otimistas num sentido próprio.
Sim, PG produz aleivosias e pérolas do bem pensar como uma usina da Petrobras na bacia de Campos, mas não se diga que é uma pessoa infeliz. Não é. A economia crescendo em V de “volta que deu errado” não o abate. Mesmo a perspectiva de furar o teto tem lá seu lado bom, ele pensa.
Um teto todo meu, diz PG, antevendo as estrelas vistas por cada buraquinho deixado a cada vez que o chefe vai furá-lo no ano que vem.
Mas PG é maior que isso. Maior que o PIB frustrado. Maior que tudo, inclusive maior que Hilbert. O marido de Fernanda Lima faz casa de madeira, abate animais para consumo próprio e customiza sua própria vacina contra a Covid (fake news). Mas apenas PG vem revolucionando os hábitos alimentares e de transporte do brasileiro.
Antes dependente de carne, frango e peixe, o nativo descobre agora o miojo e outras iguarias cujo principal ganho não está na escala de nutrientes, mas na da simples sobrevivência - comem-no para não morrer.
Também no quesito mobilidade o ministro aplica cartilha disruptiva, impondo criteriosamente a estratégia do aumento da gasolina para obrigar o consumidor nacional a valorizar mais outros modais, tais como bicicleta e os próprios pés.
E se uma empregada salta do prédio porque a patroa a fazia de escrava doméstica, PG não vê nisso uma tragédia social, mas o potencial olímpico dessa atleta e a perspectiva de medalha nas Olimpíadas de Paris.
Nunca antes na história tantos brasileiros andaram ou cozinharam com fogão a lenha, valorizando hábitos mais simples e saudáveis. Isso é obra de PG, cuja capacidade de falar besteira se expande em progressão geométrica.
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