
REBENTOU!
Embora os sinais não fossem claros no começo, tornaram-se evidentes num crescendo. Logo estavam a um palmo de nossos narizes. Alexandre Frota agora é chefe de projetos especiais do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT). Teremos reprise das Brasileirinhas no Cinema em Casa? Estrelará Frota uma versão adulta de Carrossel em horário nobre com Adriane Galisteu como Maria Joaquina e Kid Bengala no lugar de Cirilo? Investirá o polissêmico e cavalar ator em paródias pornográficas de produtos já canônicos da rede de Sílvio Santos, tais como Fantasia, Em nome do amor e A praça é nossa?
O que será da pequena Maísa sob a direção desse selfmademan da televisão nacional? E de Ana Paula Padrão quando, iniciada a ousada reformulação encabeçada por Frota, a blitzkrieg priápica a arrebatar do canal do bispo e entregá-la de bandeja nas mãos do Sílvio? A morena fatal assumirá o posto de âncora do Jornalismo Caseiro, um gozo de notícia? Especulações, apenas.
A enxurrada de notícias estarrecedoras que tanto angustiaram a redação da Aerolândia não para por aí. Por que Gretchen anunciou que não sente mais prazer no trabalho e, por isso, declarou encerrada a carreira, ao passo em que o galã Fábio Assunção volta aos palcos da vida? Por que Xuxa tatuou rosto sorridente de Marilyn Manson na virilha, bem ao lado do de Senna, Pelé e Faustão? Por que a Leão do Sul insiste na azeitona com caroço?
E continua: quem seria capaz de supor que políticos cearenses iriam meter a mão em dinheiro do Fundo de Combate à Pobreza para bancar sua própria campanha política? E a Sandy&Júnior? E o Acquario? E a guarda municipal de prontidão 24 horas por dia à porta da casa da mãe da cunhada da tia da mulher que extrai os dentes cisos da família da nossa prefeita? E o bambu, senhor governador? Por que o miserável professor estadual tem que dar por gosto e não por dinheiro e o senhor, não? O senhor dá por gosto ou por dinheiro?
Toda essa revoada maligna de badnews só piorava à medida que mesmo os fatos da existência vulgar se tornavam excepcionalmente complicados. Dir-se-ia refratários ao entendimento da pessoa humana comum, mergulhada no seu dia a dia ordinário. Em uma cidade como Fortaleza, serrilhada de pega-ladrão de cabo a rabo, paramentada com concertina de cima a baixo e, a despeito de qualquer tiro de espingarda em flanelinha, sovada de felicidade e sol e altas doses de cafonice, tornou-se necessário:
1) soerguer discretamente a perna esquerda; 2) sem levantar-se de todo da cadeira nem denunciar a si próprio com esgares de alívio, deixar escapar um punzinho fedorento; 3) finalmente, dar boas risadas.
Falta de educação, adequação social e recato. Modestamente falando, Aerolândia vinha pleiteando ser esse punzinho desagradável que infesta o elevador do Crétins Riches de La Mer Residence sempre que a diarista, num ressaibo de guevarismo, insiste: eu vou é pelo elevador dos bacanas.
A realidade é dura. O fumo é grande. E o fim derradeiro (o pleonasmo é necessário) do nosso intestino grosso não suporta tamanhas investidas do mundo cão. O bagulho é doido e o processo, lento. Não digam ao povo que vamos ficar. Nós vamos é embora.
Não estava previsto no calendário Maia. Entretanto, iria acontecer de qualquer jeito. Embora haja durado exatamente nove meses (foi de novembro de 2010 a agosto deste ano), vamos dispensar esse conjunto tortuoso e quase sempre ineficaz de metáforas alusivas à gestação humana e partir para o que interessa. O fim chegou para nosso empreendimento jornalístico. Murdoch nos comprou.
Até imaginamos que o ideal teria sido sobreviver a 2011 e atingir o ano seguinte plenos de vitalidade, todavia certos de que, caso o Judgment Day eventualmente não se confirme em 2012, daríamos de cara com as eleições em Fortaleza. Uma maratona e tanto. A qual recusamos.
Aerolândia Inc. foi um projeto de Marquim, Deusimar de Deus, Deusdete Odara, Eribaldo Bento&Silva, Zito e Francis Santiago.
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