Talvez não esperasse, e de fato não esperava, a vida sempre uma sucessão de vocábulos assumidamente condicionais, uma enervante sequência de dezenas não premiadas, um nome cujo começo, meio e fim não se confundiam o com seu. Mas, se querem saber, estava tudo bem, acordava contente porque tinha essa brisa passando pela janela e ainda que as roupas sujas formassem uma espécie de Estrela da Morte privé inexpugnável estacionada meio que por milagre a dez centímetros do próprio rosto, imaginava cedo ou tarde teria forças para dar vencimento a tanto traste.
Gosto de como soa atacarejo, de seu poder de instaurar desde o princípio um universo semântico/sintático próprio apenas a partir da ideia fusional que é aglutinar atacado e varejo, ou seja, macro e micro, universal e local, natureza e cultura e toda essa família de dualismos que atormentam o mundo ocidental desde Platão. Nada disso resiste ao atacarejo e sua capacidade de síntese, sua captura do “zeitgeist” não apenas cearense, mas global, numa amostra viva de que pintar sua aldeia é cantar o mundo – ou seria o contrário? Já não sei, perdido que fico diante do sem número de perspectivas e da enormidade contida na ressonância da palavra, que sempre me atraiu desde que a ouvi pela primeira vez, encantado como pirilampo perto da luz, dardejado por flechas de amor – para Barthes a amorosidade é também uma gramática, com suas regras e termos, suas orações subordinadas ou coordenadas, seus termos integrantes ou acessórios e por aí vai. Mas é quase certo que Barthes não conhecesse atacarejo,...
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