Última postagem do ano antes de fechar para
breve balancete, esse acerto de contas existencial que precede a abertura de um novo caderno de fiado na
bodega da esquina. Depois disso, carregarei “tô externo” tatuado na testa e não
atenderei ligações após as 23 horas, salvo em caso de comunicado importante
(seu bilhete foi premiado na Mega da Virada, por exemplo).
O que é o Natal
Passado esse momento de estupefação que é o Natal, intervalo no qual ninguém se surpreende que um homem velho e visivelmente acima do peso carregando uma sacola de presentes tenha que enfrentar mil e um obstáculos arquitetônicos para finalmente executar um gesto de bondade (reparem que nosso papel é o de criar barreiras para a escalada do Papai Noel, um exemplo flagrante de postura anti-natalina) – superado esse instante de euforia, convém reorientar o canhão de plasma das boas energias em direção aos festejos de ano novo.
Passado esse momento de estupefação que é o Natal, intervalo no qual ninguém se surpreende que um homem velho e visivelmente acima do peso carregando uma sacola de presentes tenha que enfrentar mil e um obstáculos arquitetônicos para finalmente executar um gesto de bondade (reparem que nosso papel é o de criar barreiras para a escalada do Papai Noel, um exemplo flagrante de postura anti-natalina) – superado esse instante de euforia, convém reorientar o canhão de plasma das boas energias em direção aos festejos de ano novo.
Um desejo
Se uma vendedora da Avon me perguntasse de supetão o que gostaria de eliminar da minha vida em 2014, não tenho dúvidas de que responderia: o número de vezes em que me meto em discussões gratuitas. Digo, sem medo de errar, que, de agora em diante, não apenas convidarei o bom velhinho a entrar pela porta da frente e cear com a família a cada Natal, como terei hombridade e sabedoria para identificar: 1) provocações justas – bem-vindas, ainda que nos matem de raiva; 2) provocações gratuitas – alimentadas por sentimentos comezinhos, ainda que travestidas de argumentação fundamentada; 3) provocações de rotina, que, se não são gratuitas nem parecem justificadas, cumprem a nobre função de manter a roda de idiotices girando a pleno vapor nas redes sociais.
O ano que vem
Estou apostando que, mesmo difícil, 2014 será o ano mágico por excelência. Guardo um pouco de esperança para 2015, é verdade, mas confesso: joguei todas as fichas no cavalo que leva esse número. Fui encorajado por um biscoito chinês cuja sorte me pareceu inequivocamente benfazeja: muita coisa pode acontecer. É tempo de foder ou sair de cima. Foder sem sair de cima. Foder sem ficar em cima.
Livros
Pretendia elaborar uma lista de melhores leituras de 2013, mas, como um pato desastrado em pleno voo no quintal dos meus dias, fui novamente abatido pelas contingências. Daria trabalho reagrupar livros espalhados pelo quarto, relembrar trechos, recuperar registros, embasar escolhas, tarefa que, por ora, reputo como desgraçada e pouco atraente. E ainda tenho que fazer o mercantil.
Nesse fiapo de tempo que ainda resta, me
satisfaço em recomendar cinco livros, dois romances, um de contos e dois de
poemas. Os romances: Divórcio, de
Ricardo Lísias; e A cidade, o inquisidor
e os ordinários, de Carlos de Brito e Mello. O de contos: Tipos de perturbação, de Lydia Davis. Os
de poesia: Mínimas líricas, de Paulo
Henriques Britto, e Antologia, de
Adília Lopes. À exceção do último, todos os demais foram publicados neste ano.
Votos de felicidade
Agora peço licença para reproduzir os votos de felicidade oferecidos por Luíza Ambiel, eterna musa da banheira.
Imaginem que 2014 é um tanque e que no fundo desse tanque há uma válvula que precisa ser fechada, do contrário uma cidade inteira ficará sem água por tempo indeterminado, colocando em risco não somente a higiene, mas a vida de muita gente. Mergulhem nesse tanque, garotada, e só voltem à tona para dizer que estão tentando apertar os parafusos certos. Jamais desistam da sua válvula - que é outra palavra bonita para sonhos.