Encaro Maria Bethânia. Ela não quer dizer nada. Tem qualquer coisa parecida com um xale envolvendo o seu pescoço. Usa batom vermelho nos lábios levemente rachados e sombra nos olhos ligeiramente fechados. Mesmo feia, tem uma boca absolutamente bonita.
Mas isso de modo algum a salva da desbeleza. Maria Bethânia é sobretudo feia. Tem ares de bruxa, cabelos grisalhos espalhando-se na capa da revista. Parece um velho dinossauro. Uma deusa resgatada de alguma pirâmide.
Dentro da publicação, ela posa para fotos. Usa roupas folgadas: uma calça azul marinho e um camisão branco, cujas mangas vão até os pulsos magros da cantora. Porque desposou o candomblé, ela não usa preto.
Descrevo o rosto: olhos profundamente pretos – desta vez, pretos mesmo. Cabelos ondulados, pele sulcada por incontáveis linhas que, vistas de bem perto, lembra as lavouras de feijão e milho. Para a idade que tem, há poucas rugas.
É comedida nos adornos: um relógio e um cordão que lhe escorre até a cintura. Enquanto penso em Bethânia como a encarnação de uma bruxa, leio a entrevista estampada como manchete de capa da revista. Nela, descubro: mesmo católica, a cantora abraçou o candomblé. Além disso, acredita em sereias. Diz que sua voz vem delas. Mora em mim, mas vem das sereias, do mundo encantado que elas habitam, revela a mulher de 63 anos cuja paixão por um palhaço de circo aos dezessete anos, ou antes disso, a transformou profundamente.
O repórter da revista agora quer saber: trata-se de metáfora ou ela realmente crê nessa figura mágica (sereias)? Bethânia responde que, mesmo não conseguindo vê-las, acredita na existência dessa entidade metade mulher, metade peixe.
Em seguida, falam da polêmica dos financiamentos dos seus shows com verba pública. Bethânia espanta-se. Jamais financiou suas apresentações com dinheiro público. O repórter insiste: mas o dinheiro gasto é descontado do imposto de renda pelas empresas. Bethânia recua, diz que qualquer show de grande porte no Brasil demanda muito dinheiro. Se dependesse apenas da bilheteria, estaria falida.
Volto a olhar para a foto de Bethânia. Ela não parece mais uma bruxa.
Mas isso de modo algum a salva da desbeleza. Maria Bethânia é sobretudo feia. Tem ares de bruxa, cabelos grisalhos espalhando-se na capa da revista. Parece um velho dinossauro. Uma deusa resgatada de alguma pirâmide.
Dentro da publicação, ela posa para fotos. Usa roupas folgadas: uma calça azul marinho e um camisão branco, cujas mangas vão até os pulsos magros da cantora. Porque desposou o candomblé, ela não usa preto.
Descrevo o rosto: olhos profundamente pretos – desta vez, pretos mesmo. Cabelos ondulados, pele sulcada por incontáveis linhas que, vistas de bem perto, lembra as lavouras de feijão e milho. Para a idade que tem, há poucas rugas.
É comedida nos adornos: um relógio e um cordão que lhe escorre até a cintura. Enquanto penso em Bethânia como a encarnação de uma bruxa, leio a entrevista estampada como manchete de capa da revista. Nela, descubro: mesmo católica, a cantora abraçou o candomblé. Além disso, acredita em sereias. Diz que sua voz vem delas. Mora em mim, mas vem das sereias, do mundo encantado que elas habitam, revela a mulher de 63 anos cuja paixão por um palhaço de circo aos dezessete anos, ou antes disso, a transformou profundamente.
O repórter da revista agora quer saber: trata-se de metáfora ou ela realmente crê nessa figura mágica (sereias)? Bethânia responde que, mesmo não conseguindo vê-las, acredita na existência dessa entidade metade mulher, metade peixe.
Em seguida, falam da polêmica dos financiamentos dos seus shows com verba pública. Bethânia espanta-se. Jamais financiou suas apresentações com dinheiro público. O repórter insiste: mas o dinheiro gasto é descontado do imposto de renda pelas empresas. Bethânia recua, diz que qualquer show de grande porte no Brasil demanda muito dinheiro. Se dependesse apenas da bilheteria, estaria falida.
Volto a olhar para a foto de Bethânia. Ela não parece mais uma bruxa.
Comentários