Maria não requer apresentações nem textos engraçadinhos. Sem mais delongas, Maria Mari Mariana. A Marques. Mas, se ainda assim insistirem, aqui vai uma amostra: ela tem 28 anos. Escreveu Transatlântico, um livro bem fininho que atravessa o espaço por qualquer brecha.
Só sei isso.
Só sei isso.
Oskar - Voar ou ser invisível? Justifique sua resposta.
Maria - Em setembro, ser invisível. Justifico minha resposta com a invisibilidade. Em janeiro, voar. Quando começarem a aportar no Mucuripe os Transatlânticos de vários andares, compartimentos, tripulação numerosa, posso desistir da corrida e ir voando pra dentro de um deles? Então voar em janeiro. Em janeiro: voar.
Mas voar invisível deve ser ainda mais legal.
Oskar - Na internet, procuro...
Maria - Velocidade. Mas nem sempre preciso de velocidade. Por isso jamais abandonarei o correio e sou uma missivista compulsiva, assim como aquele nosso amigo da avenca partindo.
Oskar - O que aprendeu com o sumiço do Belchior e a ressurreição de Vanusa?
Maria – Aprendi que a Rede Globo manda mais no mundo que a Universal. Belchior deu um baile no começo da entrevista no Fantástico, depois se rendeu ao mainstream. Jamais esquecerei quando ele disse: “Não entendi nada, não sou uma celebridade”. Aí se confirmou meu amor por ele. Vanusa, coitada, risonha e límpida. Nem sei o que dizer dela. Mas Vanusa nasceu perdoada, por causa das “Paralelas”, que coloquei dia desses pra tocar e ouvi assim: Essa música me lembra a Vanusa.
“No apartamento, oitavo andar / Abro a vidraça e grito, grito quando o carro passa / Teu infinito sou eu, sou eu, sou eu, sou eu”.
Oskar - Perdida numa tribo estranha, sem outros veículos de comunicação senão a própria voz e os gestos, que artifícios usaria para se dar bem, ganhar a confiança do cacique e sair de lá viva?
Maria - Alegria, esse objeto do desconcerto.
Oskar - Gosta de pimenta de cheiro? E de alho poró?
Maria - Gosto de pimenta de gosto mais que de cheiro. Comida picante me dá energia. Acho que eu sou mexicana e vim pra cá num cargueiro clandestino.
Oskar - Em casa, onde (que cômodos) pode ser encontrada: às 9 horas, às 11 horas, às 15h30, às 19 horas e às 23 horas?
Maria - Se for um dia de estar em casa: às 9 horas, na janela vendo o Daniel varrer as folhas secas da noite anterior. No edifício Itália, todo dia é outono. Às 11 horas, estou provavelmente morrendo de fome, pensando com saliva no que teremos para o almoço. Às 15h30 estou deitada em um fino colchão azul de EVA praticando meu sagrado pilates, sobre o chão de madeira da sala. Às 19 horas estarei esperando as 20 horas. Às 23h, estarei lendo ou escrevendo, certamente.
Oskar - Abro o jornal. Vou direto para a... Passo por... Termino com...
Maria - Abro o jornal, vou direto para a página policial, passo por algum comentário sobre o senado, as contas da prefeita, a página de cultura, e termino procurando se perdi alguma coisa na página policial.
Oskar - Aproveite a mesma resposta para dizer: cor preferida, prato, hobby, programa de televisão, filme e livro prediletos, uma praia inesquecível. De passagem, deixe uma mensagem de incentivo aos palestinos.
Maria - Minha cor preferida é verde. Mas penso constantemente no azul. Prato é peixe bem temperado com azeite e sal, pizza bem gostosa e picante ou pão bem novinho com manteiga derretendo. Hobby é passear ao ar livre, de preferência de manhã. Adoro quando passa uma novela boa e posso ver televisão. Não sei se é o caso de agora. Vejo pouco televisão. Mas gosto de novela. Tenho um pouco de abuso da Glória Perez e canso do Manoel Carlos, ainda que, do mesmo jeito, viciada. Mas Gilberto Braga, esse é rei.
Filme eu não sei. Pensei em vinte só agora. Mas talvez não seria pecado dizer que gosto de maneira obsessiva de um seriado chamado Six Feet Under, que só teve 5 temporadas e acabou. Em português, sem fazer o mesmo sentido, passou na Warner sob o nome de A Sete Palmos.
Toda semana tenho um livro predileto. Acabei de ler A trégua, de Mario Benedetti (terminei chorando e com muita vontade de dormir), e agora presto muita atenção lendo Não Diga Noite, de Amós Oz, que é muito querido pelo livro mais bonito que li em 2009, chamado Meu Michel.
Praia inesquecível é o aterro, dentro de Fortaleza, onde agora se pode balnear e que faz parte de toda a configuração da minha infância e de hoje. Me traz alegria caminhar por perto, ir ao espigão, poder olhar de dentro, sob uma outra perspectiva. Me deixa alegre hoje. Só em estar por perto.
Oskar - Já amou?
Maria - Amo, hoje, em gesto. E amarei amanhã, também.
Maria - Quero saber por qual motivo existe agora este espaço no blog e por qual motivo estou aqui respondendo a estas perguntas. Desenvolva.
Oskar – Quero saber muito da vida dos outros. Vida íntima, diga-se. Ontem mesmo tive vontade de perguntar a um amigo que será entrevistado aqui brevemente: por que seus pais não se falam mais? Me contive.
Maria - Em setembro, ser invisível. Justifico minha resposta com a invisibilidade. Em janeiro, voar. Quando começarem a aportar no Mucuripe os Transatlânticos de vários andares, compartimentos, tripulação numerosa, posso desistir da corrida e ir voando pra dentro de um deles? Então voar em janeiro. Em janeiro: voar.
Mas voar invisível deve ser ainda mais legal.
Oskar - Na internet, procuro...
Maria - Velocidade. Mas nem sempre preciso de velocidade. Por isso jamais abandonarei o correio e sou uma missivista compulsiva, assim como aquele nosso amigo da avenca partindo.
Oskar - O que aprendeu com o sumiço do Belchior e a ressurreição de Vanusa?
Maria – Aprendi que a Rede Globo manda mais no mundo que a Universal. Belchior deu um baile no começo da entrevista no Fantástico, depois se rendeu ao mainstream. Jamais esquecerei quando ele disse: “Não entendi nada, não sou uma celebridade”. Aí se confirmou meu amor por ele. Vanusa, coitada, risonha e límpida. Nem sei o que dizer dela. Mas Vanusa nasceu perdoada, por causa das “Paralelas”, que coloquei dia desses pra tocar e ouvi assim: Essa música me lembra a Vanusa.
“No apartamento, oitavo andar / Abro a vidraça e grito, grito quando o carro passa / Teu infinito sou eu, sou eu, sou eu, sou eu”.
Oskar - Perdida numa tribo estranha, sem outros veículos de comunicação senão a própria voz e os gestos, que artifícios usaria para se dar bem, ganhar a confiança do cacique e sair de lá viva?
Maria - Alegria, esse objeto do desconcerto.
Oskar - Gosta de pimenta de cheiro? E de alho poró?
Maria - Gosto de pimenta de gosto mais que de cheiro. Comida picante me dá energia. Acho que eu sou mexicana e vim pra cá num cargueiro clandestino.
Oskar - Em casa, onde (que cômodos) pode ser encontrada: às 9 horas, às 11 horas, às 15h30, às 19 horas e às 23 horas?
Maria - Se for um dia de estar em casa: às 9 horas, na janela vendo o Daniel varrer as folhas secas da noite anterior. No edifício Itália, todo dia é outono. Às 11 horas, estou provavelmente morrendo de fome, pensando com saliva no que teremos para o almoço. Às 15h30 estou deitada em um fino colchão azul de EVA praticando meu sagrado pilates, sobre o chão de madeira da sala. Às 19 horas estarei esperando as 20 horas. Às 23h, estarei lendo ou escrevendo, certamente.
Oskar - Abro o jornal. Vou direto para a... Passo por... Termino com...
Maria - Abro o jornal, vou direto para a página policial, passo por algum comentário sobre o senado, as contas da prefeita, a página de cultura, e termino procurando se perdi alguma coisa na página policial.
Oskar - Aproveite a mesma resposta para dizer: cor preferida, prato, hobby, programa de televisão, filme e livro prediletos, uma praia inesquecível. De passagem, deixe uma mensagem de incentivo aos palestinos.
Maria - Minha cor preferida é verde. Mas penso constantemente no azul. Prato é peixe bem temperado com azeite e sal, pizza bem gostosa e picante ou pão bem novinho com manteiga derretendo. Hobby é passear ao ar livre, de preferência de manhã. Adoro quando passa uma novela boa e posso ver televisão. Não sei se é o caso de agora. Vejo pouco televisão. Mas gosto de novela. Tenho um pouco de abuso da Glória Perez e canso do Manoel Carlos, ainda que, do mesmo jeito, viciada. Mas Gilberto Braga, esse é rei.
Filme eu não sei. Pensei em vinte só agora. Mas talvez não seria pecado dizer que gosto de maneira obsessiva de um seriado chamado Six Feet Under, que só teve 5 temporadas e acabou. Em português, sem fazer o mesmo sentido, passou na Warner sob o nome de A Sete Palmos.
Toda semana tenho um livro predileto. Acabei de ler A trégua, de Mario Benedetti (terminei chorando e com muita vontade de dormir), e agora presto muita atenção lendo Não Diga Noite, de Amós Oz, que é muito querido pelo livro mais bonito que li em 2009, chamado Meu Michel.
Praia inesquecível é o aterro, dentro de Fortaleza, onde agora se pode balnear e que faz parte de toda a configuração da minha infância e de hoje. Me traz alegria caminhar por perto, ir ao espigão, poder olhar de dentro, sob uma outra perspectiva. Me deixa alegre hoje. Só em estar por perto.
Oskar - Já amou?
Maria - Amo, hoje, em gesto. E amarei amanhã, também.
Maria - Quero saber por qual motivo existe agora este espaço no blog e por qual motivo estou aqui respondendo a estas perguntas. Desenvolva.
Oskar – Quero saber muito da vida dos outros. Vida íntima, diga-se. Ontem mesmo tive vontade de perguntar a um amigo que será entrevistado aqui brevemente: por que seus pais não se falam mais? Me contive.
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