Estou na Bienal diariamente. E daí? Não agüento mais. Cansado, sim. Devia ter aprontado o livro ainda neste ano. Não fiz. Agora, só ano que vem. Dinheiro só no ano que vem.
Porque escrevo para ganhar dinheiro. Não tenho outro emprego, trabalho. Ganho escrevendo. Comprei televisão nova e DVD escrevendo.
Ontem conversei com um cubano. Por alguma razão, não nos entendemos. Nossas línguas – português e espanhol – são parecidas, mas não exatamente as mesmas. Em português, “desenvolver” é bastante diferente do espanhol. Enfim... O cubano, Alex Pausides, disse coisas que passaram em brancas nuvens. O mesmo comigo. A bienal traz como tema a mestiçagem. Sim, uma coisa legal. Interessante...
Alguém achou que não precisaríamos de tradução simultânea porque, antes de qualquer coisa, somos “povos irmãos” oprimidos pelo mesmo algoz: os EUA. Logo precisamos nos entender. E espontaneamente. Língua não é barreira, é suporte. É diálogo. As Américas hispânica e portuguesa têm a missão de eliminar os obstáculos que ainda tornam a poesia equatoriana, por exemplo, desconhecida no Brasil. E vice-versa.
Precisamos deixar de lado essa ignorância cultural e assumir de vez nossa vocação revolucionária. Bolivariana, dir-se-ia.
Ontem Alex Pausides não conseguiu entender tudo que eu disse. Eu gravei a conversa. Vou pedir alguém para traduzir. Talvez eu mesmo faça isso. Porque ler é mais fácil que falar. E eu gosto de espanhol. Não sei se vou gostar da poesia de Pausides, mas gosto da língua. Assim como gosto do alemão e do francês e mais ainda do inglês.
PENA NÃO SERMOS “POVOS IRMÃOS”.
Às vezes fico impressionado com o grau de pretensão de algumas pessoas. Sabem, querendo sempre elevar os nossos níveis de cultura, dizendo o que é bom, o que deve ser feito, o que deve ser lido. Apontando horizontes, sugerindo gostos, pretendendo transformações radicais nos modos dos demais, fundando vanguardas, exumando discursos da guerra fria, exortando todos, cuspindo.
Em outras palavras: punhetando-se.
Eles não pedem licença, não se perguntam se é exatamente isso que queremos. Eles partem do pressuposto de que sabem mais do que qualquer um o que é bom para todos. E se eles acreditam ardentemente que creme de ameixa cura o câncer de próstata, eles vão receitar creme de ameixa em todos os hospitais e centros de tratamento da cidade.
Mas, ao contrário deles, tem gente que sequer suporta o cheiro de creme de ameixa.
Vou dizer uma coisa. Eu detesto essa gente. Porque detesto também esse messianismo que certa intelectualidade engajada adora assumir. MERDA, não estou preferindo deixar tudo como está, mas isso não quer dizer que as coisas tenham que ser feitas assim, verticalmente. No fim das contas, tudo se desvia para o elitismo. Quem participa? Um punhado de pessoas. É um círculo, um Clube do Bolinha temperado por esse elitismo de esquerda, panfletário, ridículo. E cheio de si porque a verdade é sempre essa coisa mais acessível aos que planejam transformar a sociedade.
Para o bem de todos, para o bem de todos.
Ou alguém aqui consegue explicar o que João Pedro Stédile estava fazendo abrindo uma Bienal do Livro? Se tiverem respostas, por favor, me enviem. “Sim”, disseram, “o Stédile tem uma obra consistente”. Curiosamente, Stédile não falou de sua “obra consistente” na palestra.
Porque escrevo para ganhar dinheiro. Não tenho outro emprego, trabalho. Ganho escrevendo. Comprei televisão nova e DVD escrevendo.
Ontem conversei com um cubano. Por alguma razão, não nos entendemos. Nossas línguas – português e espanhol – são parecidas, mas não exatamente as mesmas. Em português, “desenvolver” é bastante diferente do espanhol. Enfim... O cubano, Alex Pausides, disse coisas que passaram em brancas nuvens. O mesmo comigo. A bienal traz como tema a mestiçagem. Sim, uma coisa legal. Interessante...
Alguém achou que não precisaríamos de tradução simultânea porque, antes de qualquer coisa, somos “povos irmãos” oprimidos pelo mesmo algoz: os EUA. Logo precisamos nos entender. E espontaneamente. Língua não é barreira, é suporte. É diálogo. As Américas hispânica e portuguesa têm a missão de eliminar os obstáculos que ainda tornam a poesia equatoriana, por exemplo, desconhecida no Brasil. E vice-versa.
Precisamos deixar de lado essa ignorância cultural e assumir de vez nossa vocação revolucionária. Bolivariana, dir-se-ia.
Ontem Alex Pausides não conseguiu entender tudo que eu disse. Eu gravei a conversa. Vou pedir alguém para traduzir. Talvez eu mesmo faça isso. Porque ler é mais fácil que falar. E eu gosto de espanhol. Não sei se vou gostar da poesia de Pausides, mas gosto da língua. Assim como gosto do alemão e do francês e mais ainda do inglês.
PENA NÃO SERMOS “POVOS IRMÃOS”.
Às vezes fico impressionado com o grau de pretensão de algumas pessoas. Sabem, querendo sempre elevar os nossos níveis de cultura, dizendo o que é bom, o que deve ser feito, o que deve ser lido. Apontando horizontes, sugerindo gostos, pretendendo transformações radicais nos modos dos demais, fundando vanguardas, exumando discursos da guerra fria, exortando todos, cuspindo.
Em outras palavras: punhetando-se.
Eles não pedem licença, não se perguntam se é exatamente isso que queremos. Eles partem do pressuposto de que sabem mais do que qualquer um o que é bom para todos. E se eles acreditam ardentemente que creme de ameixa cura o câncer de próstata, eles vão receitar creme de ameixa em todos os hospitais e centros de tratamento da cidade.
Mas, ao contrário deles, tem gente que sequer suporta o cheiro de creme de ameixa.
Vou dizer uma coisa. Eu detesto essa gente. Porque detesto também esse messianismo que certa intelectualidade engajada adora assumir. MERDA, não estou preferindo deixar tudo como está, mas isso não quer dizer que as coisas tenham que ser feitas assim, verticalmente. No fim das contas, tudo se desvia para o elitismo. Quem participa? Um punhado de pessoas. É um círculo, um Clube do Bolinha temperado por esse elitismo de esquerda, panfletário, ridículo. E cheio de si porque a verdade é sempre essa coisa mais acessível aos que planejam transformar a sociedade.
Para o bem de todos, para o bem de todos.
Ou alguém aqui consegue explicar o que João Pedro Stédile estava fazendo abrindo uma Bienal do Livro? Se tiverem respostas, por favor, me enviem. “Sim”, disseram, “o Stédile tem uma obra consistente”. Curiosamente, Stédile não falou de sua “obra consistente” na palestra.
Que venham mais homenageados de ocasião.
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