Convém pedir desculpas de muitas maneiras se se quer realmente ser desculpado hoje em dia. Primeiro, em muitos idiomas e dialetos. Depois, em fusos horários diferentes. Terceiro, em múltiplas plataformas.
Quarto, a públicos diferentes. Quinto, sob avatares separados e criados especificamente para cada público. Sexto, de variadas formas, do poema tradicional ao haicai, passando pelo texto em prosa e finalmente chegando à mensagem de celular curta e repleta de emojis.
Sétimo, em épocas diferentes do ano. Oitavo, nas muitas regiões do país no qual se pretende obter a desculpa. Nono, em bairros mais periféricos e mais centrais. Décimo, em libras. E por aí vai. A lista é interminável.
Há muitos modos de se pedir desculpas, nenhum realmente eficiente. Eu, por exemplo, já me desculpei sendo evasivo, dizendo apenas: me desculpo, sem detalhar realmente pelo que me desculpava e a quem se destinava o pedido.
Resultado: à falta inicial, cuja paga já era exorbitante, somou-se mais essa, fazendo minha dívida rolar mais ou menos como os juros do cheque especial.
Fui mandado para o fim da fila das desculpas, lá onde pude formular um jeito novo de encaminhar as escusas.
Na minha vez, me senti finalmente preparado para me desculpar. Limpei a garganta e pedi desculpas por X a Y e por W a Z, e prometi nunca mais fazer aquilo novamente.
Novo erro: lógico que eu faria aquilo de novo, a falsa promessa de não reincidir no equívoco apenas expunha a minha moral burguesa construída em bases cristãs, predispondo os árbitros da autenticidade de minha desculpa contra mim.
Nenhuma redenção se espera de quem erra, ouvi alguém dizer.
Foi aí que resolvi escrever o “Manual das Desculpas”, que rapidamente se esgotou nas livrarias. Era algo que nunca tinha imaginado; me tornar um escritor de autoajuda, alguém cujos conselhos, mesmo disparatados, são lidos e apreciados por gente mais desesperada do que eu. Mas foi o que aconteceu. E estou feliz por isso.
Da primeira à terceira edição foi um salto. Hoje, na 26ª tiragem da obra, acrescentei novos modos de se desculpar, sempre atento ao mercado promissor das redes sociais, o campo de trabalho mais fértil para quem opera nesse ramo.
Se você tem uma conta e escreve com frequência, ou publica fotos, ou apenas curte o que os outros escrevem, ou compartilha conteúdo, ou mantém essa conta parcialmente inativa na maior parte do ano, mas aqui e ali dá uma espiada: em algum momento, você vai pedir desculpas a outrem.
E é aí que você vai precisar ler o meu livro.
Na minha vez, me senti finalmente preparado para me desculpar. Limpei a garganta e pedi desculpas por X a Y e por W a Z, e prometi nunca mais fazer aquilo novamente.
Novo erro: lógico que eu faria aquilo de novo, a falsa promessa de não reincidir no equívoco apenas expunha a minha moral burguesa construída em bases cristãs, predispondo os árbitros da autenticidade de minha desculpa contra mim.
Nenhuma redenção se espera de quem erra, ouvi alguém dizer.
Foi aí que resolvi escrever o “Manual das Desculpas”, que rapidamente se esgotou nas livrarias. Era algo que nunca tinha imaginado; me tornar um escritor de autoajuda, alguém cujos conselhos, mesmo disparatados, são lidos e apreciados por gente mais desesperada do que eu. Mas foi o que aconteceu. E estou feliz por isso.
Da primeira à terceira edição foi um salto. Hoje, na 26ª tiragem da obra, acrescentei novos modos de se desculpar, sempre atento ao mercado promissor das redes sociais, o campo de trabalho mais fértil para quem opera nesse ramo.
Se você tem uma conta e escreve com frequência, ou publica fotos, ou apenas curte o que os outros escrevem, ou compartilha conteúdo, ou mantém essa conta parcialmente inativa na maior parte do ano, mas aqui e ali dá uma espiada: em algum momento, você vai pedir desculpas a outrem.
E é aí que você vai precisar ler o meu livro.
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