
Mais uma poesia. Há tantos poetas nas redes sociais.
A semana passa tão rapidamente, e nesse torvelinho temporal – baita expressão capinada ao acaso de duas xícaras de café e três cigarros tragados em sequência - sequer conseguimos recordar o que foi notícia na aurora dos dias, ou seja, a segunda ou a terça e, no limiar, a quarta. Sequer conseguimos recordar o que foi notícia há duas horas, quando, menos por interesse que por síndrome de ALT+TAB, essa doença que aos poucos vai suplantando a meningite e o amplo espectro das DSTs, recorremos à aba do portal noticioso. Apenas para entendermos pela 89ª vez que a manchete estampada ali é a mesma de há 1h28min36s.
A "reportagem" - denominemo-la assim - mais longeva, sem dúvida, é a que trata da nudez midiática da atriz loura e peituda que se fotografou no quarto de algum hotel e, após considerar sua vida em perspectiva, descobriu-se fragilmente mortal, com o perdão da redundância.
Voltando ao leitmotiv. Se duvidam, experimentem tentar lembrar o tema dominante nos jornais da terça-feira. Falharão vergonhosamente.
Não sou capaz de trazer novamente ao juízo o que foi notícia ontem, sexta-feira, visto que agora é sábado, madrugada de sábado, e o vento açoita – poesia de rede social – as copas das árvores próximas, mas o que interessa mesmo é se amanhã terei de apanhar a toalha no térreo do condomínio. Preso ao corrimão, o molambo flamula indecoroso. Duvido que resista por muito tempo.
Há tanta poesia solta por aí. Não veem? Roberto Carlos está no Jô. Ouço personagens de algum filme conversando em francês. O vento castiga a cueca pendurada na janela.
A Lua está cheia, a bola é laranja, estamos em Limoeiro do Norte e o Lima Jr. é meu chapa. Há muitos poetas na rede, há bons e maus poetas na rede. Boa noite.
Comentários