Quero pedir conselhos a uma IA, recomendações sobre o que fazer nas férias escolares ou os números da Mega Sena para jogar no final do ano, mas esqueço que a inteligência artificial não é genuinamente preditiva, ou seja, não se trata de um poder oracular capaz de antecipar o futuro. Na verdade, a IA é golpista, nesse sentido que atribuímos a alguém que se faz parecer com o que não é. Uma estelionatária, eu acrescentaria, certo de que não estou (ainda) melindrando os sentimentos da máquina, embora tenha lá minhas dúvidas sobre a real capacidade de elaboração dos sentidos e de sua autonomia subjetiva, sobretudo quando a IA soa quase como um milagre ao sugerir livros que pretendo comprar ou afiançar a qualidade de um filme de cuja história acabo gostando. Não sei se por profecia autorrelizável ou coisa assemelhada, o fato é que a IA costuma servir para tarefas do dia a dia, escolhas triviais das quais abro mão facilmente para economizar energia e tempo, ainda que os acabe consumindo...
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)