Era buscar qualquer coisa, o que traria? Um objeto? Seguramente não, fosse de querer mergulho para dentro, saber-se preenchido de que fluido, enfim, esgaravatar as dobras próprias, com que intuito, tinha por magoar a carne uma necessidade que agora dormia na rubrica do incômodo. No mais, a medida dos dias passava ao largo do entendimento, ansiava, ansiava, mas era assim que procedia, permitindo-se o susto preciso, a paixão doméstica, carga de felicidade comparável ao tamanho que havia de ser para sempre, nem mais, nem menos. Um fatalismo cheio de esperança.
Tempo sem medida, tempo todo afeito ao estranho.
Tenho ouvido cada vez mais “troca” como sinônimo de diálogo, ou seja, o ato de ter com um interlocutor qualquer fluxo de conversa, amistosa ou não, casual ou não, proveitosa ou não. No caso de troca, porém, trata-se sempre de uma coisa positiva, ao menos em princípio. Trocar é desde logo entender-se com alguém, compreender seu ponto de vista, colocar-se em seu lugar, mas não apenas. É também estar a par das razões pelas quais alguém faz o que faz, pensa o que pensa e diz o que diz. Didatizando ainda mais, é começar uma amizade. Na nomenclatura mercantil/militar de hoje, em que concluir uma tarefa é “entrega”, malhar é “treinar”, pensar na vida é “reconfigurar o mindset” e praticar é “aprimorar competências”, naturalmente a conversa passa à condição de troca. Mas o que se troca na troca de fato? Que produto ou substância, que valores e capitais se intercambiam quando duas ou mais pessoas se põem nessa condição de portadores de algo que se transmite? Fiquei pensando nisso mais te...
Comentários